domingo, 22 de julho de 2018

De volta

'você conseguiu chegar ao fim. com meu coração nas mãos, obrigada. por chegar aqui a salvo. por ter cuidado com o que há de mais delicado em mim. sente-se. respire. deve estar cansado. me deixa beijar suas mãos. seus olhos. devem estar precisando de alguma coisa doce. te mando toda a minha doçura. eu não iria a lugar algum e não seria nada se não fosse por você. você me ajudou a me tornar a mulher que eu queria ser. mas que tinha medo de ser. será que você tem alguma ideia do milagre que é. do quanto foi incrível. e do quanto sempre vai ser incrível. estou de joelhos diante de você. agradecendo. estou mandando meu amor para os seus olhos. que eles sempre vejam bondade nas pessoas. e que você sempre exercite a gentileza. que vejamos uns aos outros como um. que possamos nada menos que nos apaixonar por tudo que o universo tem a oferecer. e que sempre tenhamos raízes. estrutura. nossos pés firmemente plantados na terra.'
RK

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Bobagens

'nós temos discutido mais do que deveríamos, sobre coisas com que nenhum dos dois se importa ou lembra porque assim evitamos as perguntas maiores. em vez de perguntar por que não falamos eu te amo tanto quanto antes. 
brigamos por coisas como: quem ia se levantar antes e apagar a luz, ou quem ia colocar a pizza congelada no forno depois do trabalho. atacando as partes mais vulneráveis um do outro. somos como um espinho espetado no dedo meu amor. sabemos exatamente onde dói.'

terça-feira, 12 de junho de 2018

Pois é

"o que mais sinto falta é de como você me amava, mas o que eu não sabia é que seu amor por mim tinha tanto a ver com quem eu era, era um reflexo de tudo o que eu dei pra você. voltando pra mim, como não percebi isso. como. pude ficar aqui imersa na ideia de que mais ninguém me amaria daquele jeito. se fui eu que te ensinei. se fui eu que mostrei como preencher. do jeito que precisava ser preenchida. como fui cruel comigo. te dando o crédito pelo meu calor só porque você o sentiu. pensando que foi você quem me deu força, inteligência. beleza. só porque reconheceu essas coisas. como se eu não fosse tudo isso antes de te conhecer. e se não continuasse depois que você se foi."

domingo, 20 de maio de 2018

pag. 130

nenhum de nós está feliz
mas nenhum de nós quer desistir
então continuamos nos machucando
e chamando isso de amor

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Somos nós, seu idiota

'você disse. se é pra ser. o destino vai nos unir de novo, por um segundo me pergunto se é você mesmo tão ingênuo, se acredita de verdade que o destino funciona assim. como se ele vivesse no céu e nos observasse. como se tivesse cinco dedos e passasse o tempo movendo a gente como peças de xadrez. como se não fosse as escolhas que fazemos. quem te ensinou isso. me diz. quem te convenceu. de que você ganhou um coração e uma cabeça que não pertencem a você. que suas ações não definem o que vai acontecer. quero gritar e berrar que somos nós seu idiota. somos as únicas pessoas que podem nos unir de novo. mas em vez disso eu sento quieta. sorrindo de leve pensando entre lábios trêmulos. é ou não é uma coisa trágica.. quando você vê tudo tão claro mas a outra pessoa não vê nada.'

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Mudanças

a adaptação é como vestir roupas largas demais para o meu corpo. este novo mundo não serve direito.
Rupi Kaur me entende.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Confusões


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Desconfianças

'Eu tinha notado que ambos os extremos da sociedade, tanto entre os ricos quanto entre os pobres, frequentemente se permitia que os loucos se misturassem livremente entre as pessoas. Eu sabia que não era inteiramente são. Também sabia, uma percepção que eu tinha desde a infância, que havia algo de estranho em mim. Era como se meu destino fosse ser um assassino, um ladrão de banco, um santo, um estuprador, um monge, um ermitão. Precisava de um lugar isolado para me esconder. Os cortiços eram lugares nojentos. A vida das pessoas sãs, dos homens comuns, era uma estupidez pior que do que a morte. Parecia não haver alternativa possível. A educação também parecia uma armadilha. A pouca educação que eu tinha me permitido havia me tornado ainda mais desconfiado. O que eram médicos, advogados, cientistas? Apenas homens que tinham permitido que sua liberdade de pensamento e a capacidade de agir como indivíduos lhes fosse tirada. Voltei para meu barracão e enchi a cara...'
Mais um trecho de Misto Quente, de C. Bukowski

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Para onde você está indo?

"Podia ver a estrada à minha frente. Eu era pobre e ficaria pobre. Mas eu não queria particularmente dinheiro. Eu sequer sabia o que desejava. Sim, eu sabia. Queria algum lugar para me esconder, um lugar em que ninguém tivesse que fazer nada. O pensamento de ser alguém na vida não apenas me apavorava mas também me deixava enojado. Pensar em ser um advogado ou um professor ou um engenheiro, qualquer coisa desse tipo, parecia-me impossível. Casar, ter filhos, ficar presto a uma estrutura familiar. Ir e retornar de um local de trabalho todos os dias. Era impossível. Fazer coisas, coisas simples, participar de piqueniques em família, festas de natal, 4 de julho, dia do trabalho, dia das mães... afinal, é para isso que nasce um homem, para enfrentar essas coisas até o dia de sua morte? Preferia ser um lavador de pratos, retornar para a solidão de um cubículo e beber até dormir."
Bukowski